Antes de se tornar um condimento indispensável nas cozinhas ao redor do mundo, o sal desempenhou um papel crucial na economia, na saúde e até mesmo na política global. Hoje, contaremos a história desse mineral essencial, que transcende culturas, continentes e civilizações.
No Mundo
Registros apontam que, há 5 mil anos, o sal já exercia grande impacto na vida humana, presente na antiga Babilônia, China, Egito e entre os povos pré-colombianos. Antes do desenvolvimento da tecnologia de mineração, que surgiu na Idade Média, apenas as populações costeiras tinham acesso ao sal. Mesmo assim, elas estavam sujeitas a períodos de escassez, determinados por condições climáticas e pela elevação do nível do mar. Devido a essa escassez e sua utilidade, o sal foi usado como moeda em diversas ocasiões, sendo vendido a peso de ouro. Entre os exemplos históricos mais conhecidos está a origem da palavra “salário”, que remete ao costume romano de remunerar soldados com sal.
Não faltaram disputas travadas em nome do sal. Um exemplo é a guerra entre Roma e Cartago, em 250 a.C., pelo controle da produção e distribuição de sal nos mares Adriático e Mediterrâneo. A vitória dos cartagineses gerou uma retaliação por parte do exército romano, que salgou as terras inimigas para torná-las estéreis. Outro exemplo ocorreu por volta de 110 a.C., quando o imperador chinês Han Wu Di estabeleceu o monopólio do comércio de sal no país, transformando a “pirataria de sal” em um crime sujeito à pena de morte.
O monopólio e peso dos impostos sobre o sal já foram motivo para grandes rebeliões. Na França, a elevação de uma taxa chamada gabelle, criada em 1340, contribuiu para precipitar a Revolução de 1789. Séculos depois, na Índia, as taxas abusivas impostas pelos ingleses incentivaram o movimento de desobediência civil liderado por Gandhi na década de 1930.
Em alguns países europeus, a exploração e o armazenamento de sal foram delegados a mosteiros O mais antigo documento conhecido sobre o sal português, datado no ano de 959, registra uma doação de terras e salinas feita por uma condessa a um mosteiro.
A mina de sal de Wieliczka, na Polônia, uma das mais antigas do mundo e considerada patrimônio cultural da humanidade pela ONU devido às esculturas esculpidas em suas paredes, foi iniciada no século XI com uma concessão de mineração concedida pelo estado ao mosteiro de Tyniec.
No Brasil
Como Portugal possuía salinas, decidiu exportar seu sal para as colônias e proibir não apenas a extração local, mas também o uso das salinas naturais. Os brasileiros, que tinham acesso a sal gratuito e abundante, foram obrigados, em 1655, a consumir o produto caro da metrópole.
No final do século XVII, com a expansão da pecuária e a mineração de ouro aumentando significativamente a demanda, a Coroa, incapaz de garantir o abastecimento, permitiu o uso do sal brasileiro, desde que fosse comercializado por contratadores.
A partir de 1808, quando D. João VI, ameaçado por Napoleão, transferiu a sede do império português para o Rio de Janeiro, a extração e o comércio de sal foram permitidos dentro do reino, embora a importação ainda persistisse. As primeiras salinas artificiais começaram a funcionar no Brasil após a independência.
Vestígios do monopólio salineiro ainda perduraram ao longo do século XIX, sendo completamente extintos apenas após a Proclamação da República.
No Rio Grande do Norte
Um dos primeiros registros de que as salinas naturais do Nordeste brasileiro chamaram a atenção dos portugueses é o relato do Capitão-Mor Pero Coelho, em 1627. Derrotado por piratas franceses numa batalha na serra de Ibiapaba, no Ceará, Coelho recuou suas forças para o litoral e encontrou – na região onde hoje se localiza o município de Areia Branca – extensas salinas, com sal suficiente para abarrotar muitos navios.
Em 1641, Gedeão Morritz, chefe da guarnição batava no Ceará, chegou às mesmas salinas e, a partir daí, os holandeses, que em seus primeiros anos no Nordeste importavam sal trazido pelos navios da Companhia das Índias Ocidentais, iniciaram a extração local.
O sal do Rio Grande do Norte só começou a ser comercializado em outras províncias a partir de 1808, com a suspensão das proibições por D. João VI. Na primeira metade do século XX, diversos problemas dificultaram esse comércio, entre eles o elevado custo de transporte, que tornava o produto potiguar mais caro do que o importado.
Grandes investimentos nos anos 60, e o aumento do consumo de sal pela indústria, criaram condições para a modernização do parque salineiro. Em 1974, foi inaugurado o Terminal Salineiro, que ainda hoje escoa boa parte da produção do estado por via marítima. Foi nessa época que a Norsal entrou para a história do sal, destacando-se como uma das produtoras mais inovadoras do segmento, com a única salina no Brasil projetada com tecnologia francesa, referência mundial na área.
Hoje, o sal deixou de ser moeda para liderar discussões sobre os impactos de sua produção, como a gestão ambiental nas salinas, a adoção de técnicas que preservem os ecossistemas costeiros, o aumento das correntes marítimas, a elevação do nível do mar e muito mais. Sua história continua sendo escrita, e a Norsal trabalha diariamente para que esse enredo tenha um final feliz.